Gilson Guimarães da Silveira
Textos
 
BAH!... CHEGUEI AOS QUARENTA E OITO!

 Fazer o quê! 
 ...É ver como vai ficar.
 (...)
 Lembro-me de quando ouvi um conhecido meu conversando num grupo que estava ao meu lado, numa festa. Comentava sobre sua idade:                                                                  
  
            
 "- Enquanto eu estava no "inte" e no "inta", tudo bem. Mas quando cheguei ao "enta"!... - empirulitei!!!"
 (...) 
 Tenho certeza que não vou empirulitar. Porém, quando recebi os cumprimentos pelo meu aniversário, tanto minha mulher quanto meus filhos vieram com a advertência: 
 "- 'Ta vendo? Você chegou aos quarenta e oito! Os cinquenta não tardam!"... - como a me lembrar de alguma coisa que tenha feito ou esteja fazendo errado. E me entregaram os presentes.
 Entretanto, só agora, no limiar do Ano Velho para o Novo, é que me pus a refletir sobre o significado da "advertência em bloco"; e a realidade se me apresentou, nua e crua: de fato, não posso mais ficar desfilando nas ruas com as amiguinhas antigas, de quem eu (confesso) tanto gosto - e tenho certeza de que, também elas, gostam de mim. 
 ...Provavelmente, alguma língua ferina já terá comentado, de boca costurada: 
 "- Este velho... tentando se apresentar faceiro e esbelto com essas... essas!... "     
 E o pior: há pouco fui lá, abri a porta... e quem vi: todas elas! Parece brincadeira: TODAS ELAS, esperando por mim!
          Não! Não! Não! ... Tenho que resistir à tentação de continuar saindo com elas! Vou resistir! Terei uma conversa reservada com cada uma; individualmente; explicarei que não dá mais para continuar me exibindo assim... Simplesmente, não dá mais! Acabou! 
 ...(Quem sabe, talvez um dia... Não se pode descartar o futuro)...
 (...)
 Da maneira como a coisa está, de repente poderão gritar pra mim, na rua, me considerando um gagá:
 - Sua braguilha está aberta!
 
(...)
 É! Vou fazer o que tem que ser feito! Não dá mais para continuar.
 - Adeus, amiguinhas! Sinto muito!

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 Tenho que deixar o sentimentalismo de lado e retirar do guarda-roupas todas as bermudas e calças quarenta e quatro e quarenta e seis, amadas companheiras minhas, que se rejubilam e se exibem toda vez que abro as portas do armário, e elas lá estão, prontinhas, passadinhas, cada qual querendo sair comigo.      
 ...A protuberância do meu ventre me obriga a passar para o manequim seguinte,
 ... - e a advertência veio em bloco, em forma de mais bermudas: três!
 ...Porém, todas com a etiqueta "Size 48".
 (...)
 Fico na esperança de um futuro melhor - mais sarado, mais light.

                                   
---<<)){o}((>>---


Dez.31, 2012

       
Guimaraens Esse
Enviado por Guimaraens Esse em 31/12/2012
Alterado em 18/01/2016
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