COMÉDIA EM CURTÍSSIMO ATO
Alguém entra esbaforido no palco e exclama:
"- Desculpe! Eu fiz aquilo porque perdi a cabeça!"
Outro que lá está responde:
"- Pois, vá procurá-la!"
...E saem, os dois, por lados opostos;
...um, para procurar a cabeça, menor que a de um alfinete;
...outro, empunhando mala e cuia, para embarcar no Vouporaí.
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Moral da história: não tem.
...Ou tem?
...Tem.
Pedir desculpas é tão costumeiro que a maioria dos racionais já esgotou seu estoque e manda descer das prateleiras as reservas de perdão.
Desculpa é coisa séria, que embriaga - não o embriagar de trocar pernas, mas o que nos deixa a refletir melhor sobre nossos atos e atitudes: para quem a pede, deve ser usada com moderação, como aconselham os anúncios; para quem a dá, do mesmo modo tem que saber o "quanto" dar. Não adianta os dois ficarem no balcão, um a pedir, outro a servir, ambos, depois, virando as costas, prontinhos para recomeçar a coisa não resolvida.
...(Por isso, tanto casa-e-descasa, casa-e-descasa)...
(...)
Quanto ao perdão, isto é reserva muito especial, muito preciosa.
Necessário é, para quem perdoa, não ser um mero perdoador, mas ser, ou ter, muito d'Aquele que nos deu o exemplo.
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P.S.: Não é preciso verbalizar o pedido ou a dação da desculpa.
...Duas cabeças frias, um abraço sincero, um beijo carinhoso, sem palavras e sem encenações, resolvem a pinimba.
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Dez.27, 2012